O Dilema das Redes – Mandatório assistir



“Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto” (Tristan Harris, ex-designer do Google, citando uma máxima das empresas de internet)

Recomendo enfaticamente assistir este documentário. O que eu já havia percebido há tempos e que já me impulsionava a sair das redes sociais, se confirma de forma contundente neste excelente documentário. E isto me levou a uma decisão: mudar a forma como uso a internet.

Vou mudar e reduzir a minha participação nas redes. Recriei um blog, até porque em redes sociais a pessoas não leem “textões” e eu gosto de escrever e aprofundar os assuntos. Não ligo mais para a quantidade de curtidas ou coraçõezinhos, ou para a quantidade de seguidores. Ficarei feliz se tiver poucos verdadeiramente interessados no que compartilho e sinceros.

Deixar ou não as redes sociais é um falso dilema, já que elas hoje em dia fazem parte da nossa identidade, praticamente ficamos “invisíveis” sem elas. Mas é possível usar a internet de outra forma saindo das “garras” dos algoritmos das redes, estes sim os verdadeiros vilões!

Todo mundo já considerou estranha a “coincidência” de ver nas redes sociais exatamente o tema que estava conversando com os amigos. Tem até a situação mais bizarra ainda de quando elas praticamente “adivinham” o que estamos cogitando comprar.

Mas você já parou para pensar como esse conteúdo chega até você? O novo documentário da Netflix, O Dilema das Redes, mostra que o acaso não existe e as plataformas das grandes empresas de tecnologia têm sido usadas para prever o comportamento humano e impulsionar mudanças – de preferência aquelas que dão mais lucro.

Para conseguir que passemos cada vez mais tempo nas redes, as plataformas digitais perceberam uma coisa: precisam nos convencer a continuar ali. Ao navegarmos digitalmente, notamos que todo o conteúdo disponível é exatamente aquilo que procuramos. Ideias, opiniões e produtos que aparecem no nosso feed são pensados e recomendados especialmente para nós.

Apesar de nos sentirmos confortáveis nesse ambiente onde concordamos com tudo, ele gera a conhecida “bolha” de informação. Os usuários raramente têm acesso a uma opinião diferente da sua. E, ao final, entramos em um universo onde o que pensamos torna-se a única realidade possível, nos afastando uns dos outros. Aliás, outra frase que me impactou nesse documentário foi: “Existem apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários, a de drogas e a de softwares”, deixando claro o objetivo de viciar quem acessa os seus serviços.

O documentário aponta a intolerância e a extrema polarização política como as consequências mais claras desse efeito. E, sem um consenso em torno do que é verdade, de uma base comum de informações, fica difícil manter o equilíbrio democrático. É o que mais me assusta no mundo atual: a enorme dificuldade de se saber qual a verdade.

Além da problemática das redes sociais, temos ainda as notícias tendenciosas dos meios de comunicação, tornando ainda mais difícil as nossas vidas. O documentário menciona a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que teria sido influenciada pela Rússia, e fala rapidamente da ascensão de líderes populistas que dominaram as redes sociais, entre eles o brasileiro Jair Bolsonaro. Todos eventos influenciados por estes fenômenos dos tempos atuais.

Recomendo também a leitura da reportagem da Revista Veja sobre este tema.

Veja: Como a assustadora engrenagem das redes ameaça a saúde e a democracia

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