Elucubrações de um paulistano saudoso


A cidade de São Paulo é o meu berço, minha cidade. Nasci na Maternidade São Paulo, perto da avenida Paulista, numa cidade grande, e amadureci numa das maiores metrópoles do mundo. Cresci junto com São Paulo; de menino de família de classe média tipicamente paulistana a músico profissional que teve o privilégio de participar do movimento musical MPB nos anos 60, e depois a executivo de grandes empresas nacionais e multinacionais. 

Daqui, começando pelo aeroporto de Congonhas, ganhei o mundo.  Adoro este aeroporto, desde criança passava horas nele tirando fotografias dos aviões e vendo aterrisagens e decolagens. Na maioria dos lugares tenho recordações e histórias de eventos e acontecimentos memoráveis e poderosos, mas, também, de tragédias, de alegrias e tristezas, de amores e desamores, de justiças e injustiças. 

Sou descendente de italianos, mas sou corintiano. Adoro restaurantes de comida italiana. Nada mais paulistano, certo? Adoro os parques (em especial o Ibirapuera), museus, cinemas, shoppings, restaurantes, botecos, enfim a dinâmica cultural desta cidade. Andar pelas suas ruas e avenidas, pelo metrô, é algo muito estimulante.

Desenvolvi uma relação de amor e ódio pela cidade, por suas muitas coisas boas e por outras não tão boas, difíceis de entender em uma cidade tão rica. Por circunstâncias específicas da minha vida, hoje em dia moro fora de São Paulo. Apesar de viajar muito pelo Brasil e pelo mundo, toda minha vida aqui tem sido a minha casa, o meu lar, o lugar para onde o viajante volta. 

Mas, agora, morando no exterior, e com um trabalho em que todos os dias falo sobre o Brasil e das coisas boas que tem este país, e, claro, da cidade de São Paulo, foi que aprendi uma grande lição: descobri que sou apaixonado por São Paulo; aprendi a perdoar a metrópole por suas deficiências porque as coisas boas superam em muito as ruins. Aprendi a criticar menos e a valorizar aquilo que é bom. Claro, espero um dia ver uma cidade mais igualitária, em todos os sentidos, e cada vez mais humana. É muito bom sentir que tenho raízes aqui, que pertenço a esta cidade, com todas as qualidades e defeitos. Dá orgulho!

Depois dos meus filhos, uma das principais referências que tenho em São Paulo neste momento, é o meu clube. O Esporte Clube Pinheiros, clube de toda a minha vida. Agora que estou longe, quando viajo para matar as saudades, o clube faz o papel da casa, do lar, para o qual retorno. Além de poder desfrutar de tudo o que ele oferece e da sua beleza (sim, ele é lindo!) é uma alegria imensa caminhar pelas suas alamedas, pois é como uma viagem no tempo. Sinto-me feliz aqui! 

Ao finalizar o texto, me dei conta que o tempo todo eu digo que estou "aqui" em São Paulo, no clube. Que coisa né? Estou a pelo menos seis mil quilômetros de distância, fisicamente... Mas a alma está aí, em São Paulo! Suspiro...






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